Criada em 2012 por figurinhas carimbadas da cena potiguar, a Far From Alaska é uma das grandes revelações do rock nacional. Trazendo um som difícil de categorizar, mistura rock pesado com elementos do grunge, country, eletrônico e progressivo. Tendo na bagagem apresentações em grandes festivais como Planeta Terra, Bananada e Grito Rock, apresenta em 2014 seu primeiro álbum completo, “modeHuman”.

Talvez pelo time de veteranos, que assinaram passagens por bandas como Talma&Gadelha, Planant, Calistoga e Venice, a notícia de lançamento do FFA foi recebida com bastante expectativa pelo público local, o que acabou rendendo uma boa visibilidade ao primeiro single, “Thievery”, lançado em setembro de 2012, e a escalação para tocar no Festival do Dosol (RN) em novembro do mesmo ano. 

Far From Alaska após show no Festival Bananada 2014


Formada por Emmily Barreto (vocal), Cris Botarelli (synth, lap steel e voz), Edu Filgueira (baixo), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsch (bateria), um dos grandes destaques da banda foi a vitória no concurso Som Pra Todos, organizado pelo Portal Terra, Banco do Brasil e Deck. O prêmio foi, nada mais, nada menos, que um show na edição 2012 do renomado Planeta Terra Festival, em São Paulo, e um contrato de distribuição com a gravadora carioca. 

O primeiro EP da banda, Stereochrome, lançado em 2012, contém quatro músicas e foi gravado no Estúdio Dosol (RN), com produção de Dante Augusto (Fukai, Calistoga, The Sinks) e mixado no Estúdio Costella (SP) por Chuck Hipolitho. Já em Maio de 2014, a banda apresenta seu primeiro disco cheio, modeHuman, com 15 faixas gravadas em novembro de 2013 no estúdio Tambor (Deck), no Rio de Janeiro. O registro foi mixado por Pedro Garcia (Planet Hemp) e masterizado por Chris Hanzsek, no Hanzsek Audio (Seattle/EUA).


Com um som difícil de definir, o Far From Alaska conta com influências muito diversas, resultando em uma proposta extremamente interessante. Destaca-se a voz de Emmily, que foi eleita a segunda melhor do Festival Planeta Terra, perdendo apenas para Shirley Manson (Garbage) e ganhando de Beth Ditto (Gossip) e Bethany Consentino (Best Coast). Inquestionável é, também, o trabalho instrumental do trio Edu Filgueira (baixo), Rafael Brasil (guitarra) e Lauro Kirsh (bateria), que entregam riffs e ritmos fortes, cativantes e cheios de personalidade; assim como os teclados de Cris Botarelli, que dão um toque a mais de autenticidade ao som.

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Entrevista



Fale um pouco sobre a história musical dos integrantes. Anteriormente ao FFA vocês tocavam em grupos da cena potiguar ou é a primeira banda de todos?
A gente já é meio macaco velho em Natal. Todos já tivemos outras bandas, inclusive entre nós. Eu (Cris) já toquei com o Lauro no Planant e com a Emmily no Talma&Gadelha. O Rafael, que também era do Calistoga, o Edu e o Lauro tocaram juntos no Venice, e por aí vai... 

Sobre a participação no Planeta Terra Festival de 2012, quando chamaram a atenção de todos, inclusive de Shirley Manson (Garbage), que os elogiou publicamente. Vocês chegaram a conhecê-la pessoalmente?
Participar do Terra foi uma das tantas coisas surreais que a gente tem a sorte de viver com essa banda. Agora, de fato, esse show teve um gostinho especial por ter sido nosso segundo show ever! Quanto à Shirley, sim, a conhecemos pessoalmente. Deixamos de assistir o show do Kings of Leon pra conseguir táxi pra voltar pro hotel e no lobby demos de cara com ela. Eu não resisti e fui cumprimentá-la e pedir uma foto, aí veio o melhor: ela que puxou todo o papo. Viu nossos crachás, perguntou com quem estávamos e tudo mais. Contamos a história da banda, que era o segundo show, etc, e ela pirou (ela é uma fofa)! No dia seguinte, fiquei de tocaia no lobby esperando ela descer pro checkout e entreguei um bilhetinho carinhoso com nosso nome, pra ela nos escutar se tivesse a chance. Dois meses depois ela lembrou e aí deu no que deu. 

Foto: Rubens Rodrigues


No EP Stereochrome, lançado em 2012, a gravação e a produção foram feitas em Natal/RN e a mixagem e a masterização em SP. Nesse álbum, como foi todo o processo?
A pré-produção foi toda feita aqui em Natal mesmo, ensaiando, queimando pestana em estúdio. As melodias e letras geralmente fazemos em separado, mas a idéia de como gostaríamos que soasse também nasce no ensaio. Feita essa pré, nos mandamos pro Rio de Janeiro, pro Estúdio Tambor, da Deck, e passamos uma semana lá internados, pirando nos detalhes de timbres que a gente tanto gosta. Nessa fase o Pedro Garcia esteve com a gente produzindo o trampo. Depois de gravado ele também mixou e aí mandamos pra Seattle, onde o registro foi masterizado pelo Chris Hanszek no Hanszek Audio.

ModeHumam é primeiro disco da banda - canções como a já apresentada ‘Dino Vs. Dino’ e ‘Deadmen’ mostram que a banda amplifica o Rock vigoroso que ficou evidenciado no EP. O que as pessoas que curtiram o Stereochrome podem esperar desse álbum completo?
O disco tem um conceito artístico legal que a gente espera explorar um pouco mais ainda. A capa tem um robô – quer dizer, uma ‘roboa’ – recém chegado a Terra com a missão de substituir um ser humano na sociedade e pra isso precisa aprender várias nuances das pessoas, seus relacionamentos, suas conexões sentimentais e tudo aquilo que faz da gente mais que um monte de equações lógicas e números. As músicas do disco, então, são parte de um todo, como se fossem um manual de perspectivas pra roboa assimilar. Musicalmente, é essa doidera aí, não dá pra explicar muito, é guitarra pesada, tecladinhos malucos, baixo com synth. Sinceramente também não dá pra dizer o que esperar, porque uma coisa curiosa é que cada um vê esse rock de um jeito. Já fizeram tantas associações e referências que às vezes a gente nem conhece, que cansamos de tentar enquadrar em qualquer coisa e dizer: “vocês vão ouvir rock x neste álbum”. Vamos esperar pra ver o que geral diz. A gente só espera que ouçam alto e curtam tanto quanto nós.

Foto: Rubens Rodrigues


As composições do Far From Alaska são feitas por todos ou tem alguém que é ‘o principal compositor’?
É muito difícil separar a participação de cada um no processo pra medir isso. Meio que todo mundo compõe junto, a música toma o caminho que ela escolhe quando nós cinco trabalhamos nela no estúdio. É bem livre, ela vai indo indo indo... O máximo que a gente tenta preservar é o “sentimento” inicial que gostaríamos que ela tivesse. Mais subjetivo impossível, né? Hahaha deve ser por isso que é tão problemático e suado!

Por que a preferência por compor em inglês? É um processo natural ou é também pensando em fazer uma carreira internacional?
Não foi pensado pra nada, é natural, a maioria esmagadora das bandas que escutamos cantam em inglês, nossas referências acabam falando alto nessa hora. Mas se rolar alguma coisa lá fora, poxa, não seria nada mal, né?

Vocês são todos de Natal/RN? Como a tendência é a exposição da banda crescer, pretendem se mudar para um centro musical com maior visibilidade e praticidade como São Paulo, por exemplo?
Todos moramos em Natal e o Rafael e a Emmily são daqui, mas eu sou de São Paulo, o Edu é de Mossoró (interior do RN), e o Lauro é de Cuiabá. Pretender sempre pretendemos, esperamos que um dia isso seja uma consequência natural do volume de shows e etc. É nosso sonho viver disso!



Qual a expectativa com o novo trabalho? Onde o Far From Alaska pretende chegar? 
A gente então espera que tudo aconteça, mas às vezes como um sonho distante, tipo “ai, queria que chovesse dinheiro”, sabe? Uma coisa boa impossível? Mas essa é a nossa hora de trabalhar, ir atrás e fazer as coisas acontecerem, porque rola, rola melhor do que imaginamos sempre, essa banda é meio mística! E quanto a isso, só tá rolando sentimentos bons e um friozinho na barriga de otimismo. Acho que as pessoas percebem isso também, tem muita gente bacana caindo do nada na nossa vida e nos ajudando de forma que ficamos abismados (vide os dois clipes que ganhamos de presente de caras que não conhecíamos). É por essas e outras que a gente sente coragem de querer chegar onde muita gente acha que não pode. Vamos ver no que dá. Dando certo ou não, parar de viver música é que a gente não vai, então tá tudo certo!